22 de jun. de 2011

Açúcar X Saúde - Parte 1

Açúcar X Saúde - Parte 1
por Conceição Trucom



Falando, escrevendo, dando dicas e receitas da Alimentação Desintoxicante ou sobre o poder terapêutico do Limão, sempre surgem pessoas perguntando: posso colocar açúcar no meu suco desintoxicante? Posso tomar o limão com açúcar? Posso usar mel? Posso usar adoçantes?
Enfim, mesmo tendo como ponto de interesse a desintoxicação e um tratamento de saúde, as pessoas insistem em adoçar a sua grande oportunidade de cura. Vejamos o quanto de in-sano (não saudável) existe nesta necessidade.

Até cerca de 300 anos atrás a humanidade não usava aditivos doces na sua dieta ordinária. Os povos antigos e civilizações passadas não conheciam este famoso aditivo doce. O mel era usado eventualmente, mais como remédio. Como remédio!

Este processo histórico prova que o açúcar é desnecessário como alimento. Foi só a partir dos dois últimos séculos que o açúcar começou a ser produzido em larga escala e ser consumido de forma cada vez mais intensa. Cada vez mais purificado, o açúcar de cana (ou beterraba) se transformou em sacarose branca. Um pó branco.
Hoje somos uma civilização consumidora de milhares de toneladas diárias de açúcar. O açúcar refinado é o resultado de um processamento físico-químico que extrai da garapa a sacarose purificada e anidra, usando e adicionando produtos químicos como clarificantes, antiumectantes e agentes de moagem. Aditivos químicos, sintéticos, muitas vezes cancerígenos e/ou danosos à saúde.

O açúcar refinado deve ser considerado como um produto quimicamente ativo, pois se trata de uma substância resultante de um processo de purificação, um concentrado. Do xarope inicial, além de evaporado, são retiradas fibras, proteínas, sais minerais, vitaminas, impurezas etc. O produto final é a sacarose concentrada a mais de 90%, um carboidrato de elevado poder calórico e de liberação de glicose no sangue. Um alimento vazio de nutrientes, ao contrário, rico em aditivos e resíduos de um processo físico-químico, razão pela qual devemos considerar o açúcar como um não alimento, zero de energia vital, portanto, como na classificação do livro do Dr. Soleil – Você sabe se desintoxicar? - um alimento biocídico (bio = vida + cídico = que mata).

O corpo humano não necessita de açúcar refinado. O que ele realmente necessita é de glicose, ou seja, o tijolo básico dos carboidratos. Mas essa glicose pode ser facilmente obtida a partir de uma alimentação balanceada, onde frutas, cereais integrais, legumes e hortaliças são consumidas diariamente. Ao contrário do que dietas como a do Dr. Atkins e a de South Beach preconizam (quando evitam o consumo de carboidratos), a glicose é o principal combustível de ser humano, portanto é muito importante para o seu pleno metabolismo, quando gera energia de crescimento, regeneração, movimento, pensamento e manutenção. Assim, consumida da forma correta, de fontes naturais, que inclusive o organismo precisa digerir para obtê-la, existem tempos e condições que só fortalecem e favorecem o organismo.

Mas, o slogan afirma: "açúcar é energia".
Entretanto, esta é uma citação enganosa, pois na verdade, o correto seria dizer que: "açúcar é uma injeção de glicose na veia, ou seja, superabundância de energia química concentrada.
E aí reside o problema: açúcar refinado é sempre excesso de energia, acima das necessidades reais. E, uma vez ingerido, para onde vai este excesso?
• Depósito de gordura corporal nas vísceras, órgãos, sistemas...
• Maior demanda de energia metabólica (estresse metabólico) para contornar as desarmonias energéticas geradas;
• Envelhecimento precoce, pois a célula só usa o que necessita, todo o resto passa a ser um "estorvo" metabólico;
• Estímulo excessivo do pâncreas;
• Depressão do sistema imunológico, incluindo problemas como doenças repetitivas; • Desmineralização orgânica, incluindo problemas de anemia, dentes e ossos; • Subnutrição pela depressão de enzimas digestivas, portanto pobre aproveitamento e fixação de nutrientes e;
• Problemas digestivos, gases, constipações, etc.

Ao se consumir um produto extremamente concentrado, isolado, será exigido do organismo uma compensação química. Ou seja, serão seqüestrados cálcio e magnésio do metabolismo e das reservas. Então, indiretamente, o açúcar "rouba" do organismo depósitos destes minerais, e esta carência de cálcio, magnésio e ferro aumenta quanto maior a ingestão de açúcar. Podemos afirmar então que o açúcar é descalcificante, desmineralizante, desvitaminizante, um agente de desarmonização metabólica. Açúcar não é "alimento", mas um "antinutriente".

Lembrmos que no consagrado livro de Willian Dufty - Sugar Blues - ele considera o açúcar como uma "droga doce e viciante que dissolve os dentes e os ossos de toda uma civilização".
E o pior, seus efeitos são como o de uma verdadeira droga, lentos, acumulativos e insidiosos, vão minando a saúde dia após dia, ano após ano.

Importante lembrar que todo alimento classificado como carboidrato ou energético, que são os cereais e suas farinhas, as frutas, os legumes e as verduras, são assim denominados porque se transformam em glicose durante seu processo digestivo. Também, uma pequena parte das carnes e até mesmo das sementes se converte em glicose.
Portanto, numa alimentação balanceada e consciente, esta é a rota energética natural de mantemos as necessidades bioquímicas do corpo. Isso explica por que povos antigos não necessitavam de açúcar extra.

Assim, se levarmos em conta que não necessitamos de açúcar extra, tudo o que se consome de açúcar nestes três últimos séculos é excessivo, exagerado, muito além do que o organismo necessita.

Vamos ao bom senso? O mais importante é fazer com que cada indivíduo entenda que a alimentação natural, sem aditivos doces, contém quantidades suficientes de glicose e energia. Não são necessários aditivos adoçantes nem açúcar.
Já que o açúcar refinado existe e é impossível negar seus prazeres, vamos ao bom senso, à criatividade, ao adaptar-se? Nestes tempos de modernidade e high tech, ingerimos muito mais "energia" do que o necessário. Principalmente porque a humanidade está muito menos física, ao contrário, mais sedentária.

E, como estamos falando de uma droga, quem consome muito açúcar torna-se um dependente orgânico, e quanto mais intoxicado, mais deseja açúcar, mais sedentário, porque tende a ter menos força física, emocional e mental. Grandes consumidores de açúcar geralmente são fracos, astênicos, e acreditam que não podem fazer nada sem consumir um pouco de doce.
O Brasil, um dos maiores produtores de açúcar do mundo, tem um problema cultural, pois sua economia iniciou-se pelo cultivo da cana. Infelizmente, o brasileiro consome cerca de 200 gramas de açúcar/dia. Por extensão são cerca de 6 quilos/mês ou 72 quilos/ano.

Portanto, a cada 13 anos a pessoa consome 1 tonelada de açúcar. Então um cidadão brasileiro de 40 anos já fez passar pelo seu organismo algo como 3 toneladas de açúcar.

Referência: "Relatório Orion" - Dr. Márcio Bontempo - L&PM Editores.

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